18/11/12

Os Estagiários


Poucas coisas são tão úteis a uma instituição como um estagiário. Primeiro, porque trabalha a troco de (quase) nada. Segundo, porque desempenha como ninguém a função de bode expiatório. Numa instituição onde haja estagiários ou jovens, os mais velhos, mais sábios e mais experientes podem fazer as borradas que quiserem, porque já se sabe sobre quem recairão as culpas. Isto vê-se, sobretudo, nos comentários a notícias de jornais. A notícia foi mal redigida, os factos não foram todos verificados, há erros gramaticais? Está bom de ver: desde que entregaram certas tarefas a estagiários, o jornal nunca mais foi o mesmo. O que mais me irrita nestes juízos é ver que são feitos sem conhecimento de causa. Sim, é bem possível que a culpa seja de um estagiário. Mas também é possível que não o seja. Contudo, a última hipótese raramente é levantada. Para todas as pessoas que fazem julgamentos precipitados, só me resta receitar (e recitar) as sábias palavras que o jovem Hamlet disse ao amigo Horácio: há mais coisas no céu e na terra do que sonha a vossa vã filosofia!

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